19 de agosto de 2010

Inter vence Chivas em casa e conquista bicampeonato da Libertadores

O Internacional confirmou o favoritismo e conquistou nesta quarta-feira o segundo título na Copa Libertadores da América. Jogando em um Beira-Rio lotado e com o apoio da torcida durante toda a partida, o time comandado por Celso Roth sofreu. Mas depois de terminar o primeiro tempo em desvantagem, conseguiu a virada no segundo tempo e fez 3 a 2, graças a gols de três predestinados.

A equipe chegou ao empate com Rafael Sóbis. Um dos heróis do primeiro título, em 2006, Sóbis voltou ao clube neste ano e estava em má fase, sem ter feito um único gol em seu retorno. Nesta quarta, ele nem seria titular, mas ganhou vaga no time graças à lesão do titular Alecsandro, vetado no vestiário para a grande decisão.

O gol da virada saiu dos pés de outro predestinado, Leandro Damião. O atacante substituiu Sóbis e, em sua primeira jogada, marcou o segundo gol. Inscrito desde a primeira fase do torneio, ele fez sua estreia apenas nesta quarta-feira. Entrou para a história do clube. Como também entrou Giuliano, talismã do clube, que entrou nos minutos finais e marcou um golaço.

Ao conquistar o título, o Internacional iguala o arquirrival Grêmio, também bicampeão do torneio, com os títulos de 1983 e 1995. O clube do Beira-Rio enterra também uma sequência de maus resultados dos brasileiros em decisões diante de adversários de fora do país - desde 2000, foram seis derrotas em finais em 11 edições.

Nesta década, os dois títulos brasileiros foram conquistados em finais domésticas. Em 2005, o São Paulo superou o Atlético-PR na decisão, e no ano seguinte foi a vez de o Internacional chegar a sua primeira taça contra o próprio São Paulo.

A escrita começou em 2000 e perseguia os clubes do país desde então: em seis decisões contra adversários de outros países, foram seis derrotas. Até esta quarta-feira, as únicas conquistas no período haviam sido a do São Paulo em 2005, contra o Atlético-PR, e a do próprio Internacional, batendo o São Paulo em 2006.

O jogo

O Beira-Rio lotado espelhava o clima que Porto Alegre vivenciou o dia todo: festa da torcida colorada, entusiasmada com a vantagem de 2 a 1 adquirida em Guadalajara. O estádio ficou repleto rapidamente. A abertura dos portões foi adiantada em uma hora, para as 17h30, tal a movimentação do lado de fora.

Cada equipe teve um desfalque de última hora. No Internacional, Alecsandro não passou pelo teste físico e ficou de fora até mesmo do banco de reservas, dando lugar a Rafael Sóbis. Guiñazu, Sandro e Tinga, outras dúvidas coloradas, participaram da partida. No Chivas, Mejía deu lugar a Araujo. Medina, que poderia entrar no lugar de Fabián, não se recuperou de lesão e, a exemplo de Alecsandro, nem mesmo compôs o reservado mexicano.

O jogo foi bem diferente do ocorrido na semana passada, no México, quando o time gaúcho se impôs quase sempre. O primeiro tempo foi equilibrado. O Chivas começou propondo o jogo, ao contrário do que fez em Guadalajara. Apesar do bom começo dos mexicanos, foi do Inter a primeira chance de gol. Aos nove minutos, Índio subiu mais que a zaga após cobrança de falta de D'Alessandro, mas o goleiro Michel defendeu em dois tempos.

O Chivas respondeu aos 12, quando Bautista desarmou Sandro e arriscou de fora da área. O chute saiu fraco, rasteiro, e Renan fez a defesa sem problemas. O clube gaúcho demonstrava ansiedade, errando passes forçados e não conseguindo impor seu ritmo de jogo, como fez na partida no México. O Inter era parado na base das faltas: foram nove cometidas pelos mexicanos, além de dois cartões amarelos nos primeiros 18 minutos de partida.

Aos poucos, o Internacional cresceu no jogo e começou a criar chances. A melhor delas veio aos 23 minutos, quando Tinga escapou entre dois marcadores e serviu a Rafael Sobis. O atacante fez corta-luz para Taison, que chutou no canto, mas o goleiro Michel pegou em dois tempos. Um minuto antes, porém, o Chivas quase chegou ao gol. Fabián tabelou com Báez e chutou da intermediária. A bola encobriu Renan e quase entrou no ângulo.

O jogo, que era aberto, veloz e empolgante, caiu de produção nos minutos seguintes. Quando tudo levava a crer num 0 a 0 para o intervalo, o Chivas abriu o placar: Bravo escorou, encontrando Fabián dentro da área. O meia girou e, de voleio, acertou o ângulo de Renan, fazendo o golaço que não fizera de fora da área, minutos antes. O lance calou o Beira-Rio, igualando o placar agregado dos dois jogos. Como no México, o Inter levava um gol no apagar das luzes da etapa inicial.

Celso Roth decidiu não promover mudanças no Inter para o segundo tempo, bem como José Luis Real em relação ao Chivas. O técnico brasileiro, a exemplo da derrota para o São Paulo, no Morumbi, que classificou o time às semifinais, inverteu o lado dos meias D'Alessandro e Taison. A postura inicial do Inter foi outra. Disposto a reverter o resultado, o Inter foi para cima do Chivas. Em três minutos, Taison e Sobis obrigaram Michel a fazer duas defesas em dois tempos. O time melhorou com Nei puxando ataques pelo meio e Taison caindo bastante pela direita. Aos oito minutos, Sobis entrou livre, mas Michel saiu muito bem do gol e tirou a bola dos pés do atacante colorado.

Tamanha persistência foi premiada aos 16 minutos: Tinga abriu para Kleber, que cruzou. Rafael Sobis se antecipou a Michel e empatou o jogo: 1 a 1. Curiosamente, Sobis, um dos heróis da conquista de 2006, ia sair de campo para a entrada de Leandro Damião, mas, ao marcar o gol, garantiu sua permanência por mais alguns minutos. Taison deixou o campo para a entrada de Giuliano.

O Chivas reagiu, mas ficou exposto aos contra-ataques. Aos 24 minutos, Fabián entrou para marcar o segundo gol, mas Renan saiu da meta com coragem para impedir o pior. Aos 31, o desafogo vermelho: Leandro Damião, que entrara quatro minutos antes no lugar de Sobis, aproveitou falha da zaga e partiu com a bola dominada desde o meio-campo. Em velocidade, acertou um balaço nas redes de Michel. A exemplo de Adriano Gabiru na final do Mundial de 2006, contra o Barcelona, um reserva entrou para a história colorada ao marcar um gol na decisão.

Nos minutos finais, o Chivas tentou exercer pressão, mas não obteve êxito. Tinga deixou o gramado sangrando, ovacionado pela torcida. Arellano, aos 41 minutos, acertou D'Alessandro com violência e foi expulso. Aos 44, o talismã Giuliano entrou a dribles dentro da área e fez o gol do título. Mais um gol decisivo do artilheiro do Inter na Libertadores. O Chivas ainda descontou no final, com Araujo mas não estragou a festa colorada.

Ao final, os torcedores, que já faziam festa desde o começo do dia, enlouqueceram no Beira-Rio com o bicampeonato da América.

FICHA TÉCNICA

INTERNACIONAL 3 x 2 CHIVAS

Local: Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre (RS)
Data: 18 de agosto de 2010, quarta-feira
Horário: 22h (de Brasília)
Árbitro: Oscar Ruiz (Colômbia)
Assistentes: Abraham González e Humberto Clavijo (ambos da Colômbia)
Cartões amarelos: Bolívar (Internacional); De Luna, Fabián, Bautista e Bravo (Chivas)
Cartão vermelho: Arellano (Chivas)
Gols: INTERNACIONAL: Rafael Sobis, aos 16, Leandro Damião aos 30 e Giuliano aos 44 minutos do segundo tempo. CHIVAS: Fabián, aos 42 minutos do primeiro tempo; Araujo, aos 47 minutos do segundo tempo.

INTERNACIONAL: Renan; Nei, Bolívar, Índio e Kleber; Sandro, Guiñazu, Tinga (Wilson Mathias), D'Alessandro e Taison (Giuliano); Rafael Sobis (Leandro Damião).
Técnico: Celso Roth

CHIVAS: Michel; Magallón, Reynoso, De Luna e Ponce (Escalante); Báez (Vázquez), Araujo, Fabián e Bautista; Arellano e Bravo.
Técnico: José Luis Real

Créditos : ESPN Brasil

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